O filme narra a disputa entre o divino e o efêmero, com uma lentidão poética pontuada por imagens a cores e preto e branco, que valeu ao diretor Wim Wenders a Palma de Ouro em Cannes, 1987. É um filme sobre a vida e a eternidade, a consciência e a descoberta, a luta entre o divino e o efêmero. É um filme meditativo, que evoca um ambiente de sonho e elegia.
Surpreende pela capacidade de seu diretor despertar, através de poucas imagens e poucas palavras, diferentes estados emocionais no espectador. O clima de angústia das primeiras imagens em preto e branco, a atmosfera introspectiva dos pensamentos, o profundo desespero em cenas como a do subsolo, a solidão de Marion, o horror da guerra…
Algo nesta descrição certamente será familiar para aqueles de nós que, como pacientes ou como analistas, estamos ligados à experiência que um tratamento psicanalítico nos propõe. A letargia, a introspecção, a sucessão confusa de imagens e pensamentos durante a associação livre e atenção flutuante, a ansiedade, a desesperança, a falta de comunicação… e a mudança repentina para uma comunicação que traz esperança e entusiasmo.
Vamos refletir sobre as possibilidades do sujeito diante das próprias angústias e desejos, sua divindade e finitude, e como a clínica psicossomática psicanalítica o auxilia na tomada de consciência e escolhas.
Ministrada pela especialista em Psicossomática, Leila Maia